O Soldadinho

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Dois amigos que se apaixonam em meio a uma guerra secreta.
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A cidade de Berlim estava em ruínas, a poeira dos escombros se espalhava pelas ruas vazias. Nada se ouvia além do crepitar do fogo em prédios incendiados e estrondos de desabamentos. Foi quando a vi pela primeira vez.

Eu estava entrincheirado no cruzamento da Alt-Moabit com a Rahel-Hirsch-Straße, na cabeceira da ponte Moltkebrücke. Nossa missão era impedir o avanço das tropas aliadas sobre o centro da cidade, ou pelo menos tentar, já que o corpo do meu colega de escola Heinz já estava ali do meu lado havia cerca de meia hora e eu, com apenas 10 anos, não tinha manejo suficiente com a metralhadora, até que ela apareceu, um ano mais velha, com a coragem de adulta, esgueirando-se entre os destroços e a poeira, chegou onde eu estava.

— Precisa de ajuda a arma, soldadinho? — ela perguntou vendo-me com uma cara de assustado como de quem queria desaparecer como o Houdini.

— C-Claro.

— Sou Ada, e você?

— Martin.

Arrastei o corpo de Heinz para fora da trincheira enquanto ela assumia o controle da metralhadora.

Não demorou para que mais soldados aparecessem e a garota pôs a máquina a cuspir fogo sem parar e sem controle.

O chão começou a tremer debaixo dos nossos pés e um IS-2 surgiu na esquina apontando o canhão para onde estávamos seguido por dezenas de soldados. Não havia nada que pudéssemos fazer a não ser nos render.

A verdade é que naquela época não sabíamos pelo quê estávamos lutando. Sabíamos apenas que precisávamos defender o nosso país de pessoas que queriam invadir e nos dominar.

Vinte anos se passaram e ali estava eu lutando outra guerra, mas desta vez eu lutava nas sombras por algo que eu acreditava. Minha missão naquele momento era seguir Richter Becker, oficial da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental. Ele mantinha no escritório em sua casa uma lista com o nome dos líderes de cada célula de resistência que articulava a fuga de alemães para o lado ocidental. Precisávamos pôr as mãos naquela lista antes que ele pudesse levá-la ao Secretário de Estado que voltaria de Moscou dali uma semana.

Eu estava em um bar observando pela janela, Becker do outro lado da rua numa cafeteria onde os principais líderes do partido costumavam se reunir. Foi quando eu a vi e tudo à minha volta parou.

Elegantemente vestida, cabelos dourados e a pele banquinha como de uma boneca de porcelana.

— Aquela é a Sie Becker — sussurrou Lange, despertando-me da minha hipnose momentânea — ela é esposa do Becker.

— Ela vai ser um problema? — perguntei.

— Não. Toda manhã ela vai para o ateliê dela e leva as crianças. Nós criamos uma distração para os guardas na casa deles e você entra, pega a lista e sai. Tudo tem que ser muito rápido.

Esse era o plano: Lange esperaria Sie Becker sair, logo depois Richter, e na casa ficariam alguns poucos empregados que nunca se atreviam a entrar no escritório de Becker.

A sorte parecia nos favorecer quando naquela manhã a neblina densa facilitava minha furtividade me ocultando dos guardas enquanto pulava o muro e aguardava no jardim da casa.

Os portões se abriram e um carro com vidros escurecidos, mas não totalmente de forma que era possível ver a brancura da pele de quem se sentava no banco de trás com mais alguém. Logo, outro veículo saiu tomando a direção contrária do primeiro carro, de vidros totalmente escuro, mas com a janela entreaberta era possível ver o oficial da polícia.

Lange fez sinal para dois colegas posicionados do outro lado da rua simulassem uma briga, o que atraiu a atenção dos guardas em frente à casa.

Entrei pela porta da frente, mas não esperava ser recepcionado por um spitz sentado no centro do hall me encarando e rosnando.

Da cozinha alguém assobiou e o cachorro saiu em disparada me deixando em paz.

Subi as escadas sem fazer barulho e percorri o corredor olhando porta a porta procurando onde era o escritório até me deparar um uma porta trancada.

— Eu te conheço — disse uma voz feminina atrás de mim surgindo como um fantasma.

Me virei assustado e uma Walther PPK apontada para minha cara. Com o dedo no gatilho estava Sie Becker me encarando com aqueles olhos azuis como o céu.

— Você é o cara que estava seguindo meu marido. Vou perguntar apenas uma vez. Quem é você, o que quer e como entrou na minha casa?

— I-Isso foi um mal entendido...

— Resposta errada.

Um tiro ressoou. Fazia parte do plano para manter os guardas distraídos que na briga simulada alguém pegaria uma arma e faria um disparo.

Foi a providência divina que me deu alguns milésimos de segundos para segurar a arma da mulher e apontá-la para o lado, mas ela tinha mais força do que aparentava tentando apontar a arma novamente para mim.

Coloquei-a contra a parede usando meu corpo para impedir que se movesse.

Ela me olhou nos olhos com ódio, mas logo seu semblante mudou para surpresa.

— Eu te conheço.

Não dei importância achando que ela só queria me distrair e retomar o controle da situação.

— Eu não quero te machucar, sie, mas vidas estão em jogo aqui — ela afrouxou os dedos e com facilidade tomei a arma e apontei para ela — não me obrigue a isso.

Eu a vi quando abaixou os olhos. Ficou pensativa por alguns segundos e voltou a me encarar com ar de superioridade.

Aproximei a arma ao peito dela, mas eu não podia atirar. Eu não queria atirar.

— Precisa de ajuda com a arma, soldadinho?

Eu devo ter parado de respirar por alguns instantes. Minha mente viajou para o passado para resgatar aquela fala.

— Ada?

— Esse é meu primeiro nome. Martin, não é?

— S-sim, eu... você... como...?

Ouvimos passos de alguém subindo as escadas. Provavelmente algum dos empregados. Ada, me retomou a arma e a apontou novamente para mim, me pegou pelo braço e me arrastou para um dos quartos.

— Senta aí — ordenou. Me sentei imediatamente na cama — Depois de vinte anos eu pego você invadindo minha casa. Confesso que não é um reencontro que eu imaginava.

— Como se lembrou de mim depois de tanto tempo?

— Não sobraram muitos de nós pra defender Berlim, em 45, me lembro de todo mundo. Especialmente de quem estava comigo quando nos rendemos. E você, me reconheceu só depois do que eu disse?

— Foi marcante. Eu tinha acabado de ver meu melhor amigo ser morto, estava assustado, e você surge da poeira da guerra como um anjo vindo me ajudar.

Ada soltou uma risada divertida.

— A verdade era que eu estava tão assustada ou mais. Eu queria fugir dali quando o tenente da SS me mandou pra a ponte. Todo mundo sabia que o exército vermelho estava chegando.

— Depois que separaram a gente eu tentei te procurar.

— Eu morava no distrito de Marzahn. Os soldados me levaram pra lá e... — ela fez uma pausa, seu semblante decaiu e ela apertou os lábios — eles...

— Eu sei o que os comunistas fizeram.

Com os olhos marejados tentava se conter. Sentou-se ao meu lado e pôs a arma sobre o criado mudo. Peguei na sua mão e tentei acalmá-la.

— Desde então tive que me submeter a coisas horríveis para ter o que comer ou vestir... Até que eu conheci o Richter. Ele não é o tipo de marido exemplar. Se casou para ter mais prestígio entre os camaradas dele, mas a família nunca foi sua prioridade. Tudo que eu tenho são minhas filhas.

Ficamos algum tempo em silêncio por alguns instantes. Apertei sua mão com firmeza e olhei em seus olhos.

— Vem comigo — falei.

— Pra onde?

— Pro lado ocidental.

— Você é um contra-revolucionário?

— Sim, eu... eu preciso pegar uma lista de nomes que estão no escritório do seu marido. Não posso deixar que ele leve esses nomes aos seus superiores ou o partido nos caçará um a um. Foi por isso que invadi sua casa. Não pensei que encontraria você aqui.

— Mandei meu motorista levar minhas filhas e voltar para me pegar mais tarde.

— Podemos levá-las também.

— Martin, eu não posso.

— Por quê?

— É arriscado. A polícia vigia as fronteiras e matam quem for pego fugindo para o lado ocidental.

— Podemos protegê-las.

Ada se lançou ao meu pescoço, me abraçando forte. Retribuí enlaçando-a pela cintura e puxando-a para mais perto de mim. Pude sentir a pele macia de seu rosto em meu pescoço. Aquele corpinho delicado que abrigava uma alma intensa.

— Me perdoa, Martin. Minhas filhas terão um futuro mais seguro permanecendo aqui do que levando uma vida de fugitivas. O Richter nos caçaria até o outro lado do mundo — ela me olhou com pesar — Juro que minha vontade é de que me tirasse daqui, que me levasse com você.

Ada voltou-se para o criado mudo e abrindo a gaveta desprendeu um fundo falso e pegou uma chave.

— Vou te ajudar. É o pouco que posso fazer por um amigo.

Nos levantamos. Após verificar o corredor, ela abriu o escritório e entramos, fechando a porta atrás de nós.

O lugar era escuro, sem janelas, sombrio como as prisões da Stasi. Foi preciso acender uma lâmpada para enxergarmos. O aposento cuja decoração destoava do restante da casa, com armários cheio de arquivos e na parede atrás da escrivaninha dois quadros enormes, um de Stalin e outro de Ulbricht.

Vasculhamos a papelada sobre a escrivaninha, mas nada referente às células. Até que Ada abriu uma das gavetas e viu uma pasta sem identificação, apenas o símbolo do martelo e o compasso. Dentro estavam as fichas de diversos líderes e membros das células contra-revolucionárias. Folheando as fichas nos deparamos com a minha.

Ada me olhou assustada. Sabia que se essas fichas caíssem nas mãos do Ministério para a Segurança do Estado seríamos apenas cadáveres em questão de horas.

Saímos do escritório e Ada colocou a chave de volta no compartimento secreto da gaveta.

Com a pasta em mãos a missão já estava praticamente cumprida. Ada torcia as mãos vendo-me prestes a partir.

— Quando iremos nos ver de novo? — perguntou.

— Eu não sei, mas graças a você irei viver mais alguns dias.

Ada se aproximou e ficando na ponta dos pés me beijou. Senti seus lábios quentes nos meus e sua língua buscando a minha. Deixei cair a pasta e levei minhas mãos à sua nuca, entrelaçando meus dedos em seus cabelos dourados. A conduzi até a cama e nos deitamos nos despindo um ao outro. Beijei seu pescoço, descendo pelo colo até seus seios, médios e biquinhos duros. Abocanhei, a levando à loucura. Ofegante, ela enterrava seus dedos em meu cabelo e me abraçava com toda sua força.

Me posicionei entre suas pernas. Ela estava molhada e ensandecida de tesão. A penetrei devagar, apreciando seu gemido e seus olhos revirando. Seu rosto tomava um tom rosado e nossos corpos ardiam. Eu a penetrava com vigor e sentia atingir seu útero, tirava e voltava a penetrar dilatando suas as paredes que pressionavam meu membro.

— Ah! Me fode, Martin,... isso, me fode...

Depois de algum tempo de movimentos cada vez mais rápidos ela soltou um gemido abafado, temendo ser ouvida por algum dos empregados.

A peguei pela cintura e me deitei, deixando-a por cima. Ela se sentou e acariciando os próprios seios começou a cavalgar.

Céus, eu estava apaixonado. Aquele anjo de traços delicados se contorcendo sobre meu membro, tomava velocidade. Eu a segurei pela cintura aumentando a intensidade das estocadas. Seus seios saltando livres e seu gemido quase suplicante.

Ada enrijeceu sem fôlego em cima de mim e a acompanhei jorrando minha semente dentro de seu útero.

Nos abraçamos e nos beijamos apaixonadamente.

— Você precisa ir agora. Meu motorista deve chegar daqui a pouco — disse enquanto se vestia.

— Por favor, Ada, venha comigo.

— Não posso. Minhas filhas...

— Tenho medo do que o Becker pode fazer com você quando descobrir que essas fichas sumiram de seu escritório.

Ela pensou.

— Você tem razão. Eu sou a única que sabe onde ele esconde a chave do escritório. Eu seria a suspeita óbvia.

— Fuja comigo, pegamos suas filhas e essa noite mesmo estaremos atravessando a fronteira. De lá podemos ir para os Estados Unidos, comprar uma casinha no subúrbio de uma cidadezinha interiorana onde o Becker não possa nos encontrar.

— Vai abandonar a contra-revolução?

— Pra te proteger eu abro mão de qualquer coisa. Não me preocupo com a contra-revolução, sabemos lidar com baixas inesperadas.

— Tudo bem.

— Pegue apenas o que puder levar nas mãos, seu e de suas filhas. Se lembra onde era a Igreja de São Pedro, em Mitte?

— Sim, hoje é um terreno que as pessoas usam como estacionamento.

— Eu te encontro lá em uma hora. Vamos para um local seguro até a noite.

Após me vestir, peguei a pasta do chão e espreitei o corredor pela porta.

— Vá pelo lado oeste do jardim. Dá pra se esconder mais fácil até pular o muro — disse ela e eu assenti com a cabeça. Demos um último beijo e saí.

Nem preciso dizer que levei uma bronca pelo atraso na missão. Fora isso, Lange concordou com minha saída da resistência após atravessarmos a fronteira. Pegamos Ada e as filhas no local combinado e fomos para o esconderijo até a noite. À essa hora Becker já deveria ter soltado seus cães da Stasi atrás delas.

— Como elas estão lidando com isso? — perguntei, me referindo às meninas, que brincavam com suas bonecas num canto do armazém de bebidas.

— A Klem tem 12 anos, já sabe que estamos fugindo, mas a Sophia só tem 3 anos, acha que vamos viajar.

— E você, está arrependida de ter vindo comigo?

— Claro que não, Martin — disse ela sorrindo pra mim — Eu tomei minha decisão quando te entreguei aquela pasta. Diante de mim só havia dois destinos: um era a tortura e a prisão perpétua, se não coisa pior, o outro é o que eu escolhi, a esperança de liberdade para mim e minhas meninas, longe da gaiola de ouro em que vivíamos.

Lange entrou no armazém, em seguida.

— Já está na hora. Vamos? — disse ele.

— Sim, vamos.

Ada pegou suas coisas e uma das meninas enquanto eu carregava a mais nova no colo.

— Não prometo que não passaremos dificuldades, mas prometo estar com vocês quando essas vierem.

— Vou cobrar essa promessa, soldadinho.

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