Abnegação Pt. 03

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Pus-lhe logo uma forte mordaça com fita adesiva americana de quarenta e oito milímetros, com três voltas à cabeça, cobrindo-o fortemente desde imediatamente abaixo do nariz até ao queixo.

A furgoneta estava equipada com uma pequena grua elétrica que ele usava para subir cargas pesadas o que me facilitou imenso as coisas, quando tive que o meter dentro.

A furgoneta era de caixa alta e fiz-lhe quatro furos com um berbequim sem fios, que levara numa bolsa desportiva. Nesses furos prendi quatro mosquetões, desde onde pendiam quatro correntes, que terminavam em quatro grilhetas de ferro, feitas por mim e bloqueadas a cadeado. Ficou meio suspenso de pernas e braços abertos.

Célia deitou-lhe um chorro de água na cara e ele despertou.

Com uma navalha rasgou-lhe as calças.

Eu apertei-lhe fortemente uma brida de nylon em volta da base do pénis. Um garrote para não espirrar sangue por todo o lado...

Ao bom estilo de Dexter, Coloquei uma cortina de plástico transparente muito fino, pendente do teto da furgoneta, colada com fita de pintor para não nos sujarmos de sangue.

Célia usou uma tesoura de podar e amputou-lhe parte do pénis uns dois centímetros acima da glande.

Ele urrou com um ruido abafado, graças à mordaça e desmaiou.

"Adeus Gustavo. O Carlos já terminará o trabalho. Já nos veremos algum dia no inferno."

Não a ouviu porque estava desmaiado.

Deixei Célia numa rua sem tráfego, perto de uma praça de taxis, onde a furgoneta passaria desapercebida.

A zona de carga não estava à vista, porque não havia janelas e a cortina negra estava fechada.

Fui buscar a moto e o restante material. Tinha deixado tudo isso numa construção abandonada, onde não ía ninguém. Uma vez mais a grua da furgoneta foi-me utilíssima.

Deixei os depósitos de combustível bem amarrados e imobilizados.

Continuei a conduzir até chegar à rampa onde tinha planeado terminar o trabalho.

Felizmente a fugoneta tinha suficiente combustível.

O local estava bem escolhido, porque também permitia ver vários quilómetros de estrada de ambos os lados. Felizmente não havia nenhum tráfego.

"A Célia quer que te corte os colhões antes de acabar contigo, mas acho que assim é suficiente. Vais morrer queimado, portanto o fogo também vai queimar-te as pendurezas. Mas vou bezuntá-las com resina de pinheiro, para arderem melhor."

Com uma navalha afiada cortei-lhe o peito escrevendo a palavra 'VIULADOR'.

Se o fogo deixasse ver os cortes, pareceria que fora escrito por alguém meio analfabeto.

Gustavo gemia e tentava gritar. Tinha o terror estampado no olhar.

Tinha a carne das pernas e dos punhos rasgada pelas grilhetas, que não estavam limadas nem lixadas, intencionalmente.

"Só uma coisa mais. Gostas de violar. Também gostas de aterrorizar as pessoas. Portanto vais provar a tua própria medicina."

"GHHHH... Arrrrrrrrrggg!"

Mostrei-lhe uma da barras afiadas que preparara antes, ri-me e encostei-lhe ao ânus a parte afiada.

Começou a urrar descontrolado.

Hesitei antes de continuar, mas lembrei-me das inocentes garotas cujo contacto inicial com o sexo fora brutal e despiedado. Nunca saberiam o que era perder a virgindade com alguém que as amasse a as fizesse sentir cómodas e felizes, num momento que devia ser sublime para qualquer mulher. Mulheres e mocinhas que não iam querer recordar o maldito dia em que se cruzaram com Gustavo, mas não poderiam esquecer jamais. Esposas amantíssimas, que nunca mais poderiam olhar para os seus queridíssimos maridos sem sentir vergonha de algo que não era culpa delas e ficariam traumatizadas para toda a vida, mesmo que eles se portassem bem com elas. Aí não tive dúvida nenhuma.

Esse bastardo tinha que conhecer o inferno na terra.

"Agora vais pagar o preço justo, meu filho de puta!"

Disse-lhe ao ouvido.

Dei-lhe várias marteladas, suaves inicialmente. A barra foi entrando. Queria rasgá-lo lentamente.

Ele urrava sem demasiado ruído, devido à mordaça.

Depois dei uma martelada muito forte e uns dez centímetros de ferro saíram-lhe pela barriga com uma mistura de sangue e fezes. Desmaiou de novo.

Abri a porta detrás, peguei fogo ao cocktail molotov, fechei a porta e desde fora, destravei o veículo e empurrei a porta do condutor, que se fechou com violência.

Nem fez falta empurrá-lo. Rapidamente tomou velocidade e caíu ao vazio.

"Bom voo meu cabrão!"

Disse entre dentes.

Com o capacete posto e o ruido da moto, não ouvi nenhum ruido.

Tomei a estrada por onde tinha vindo.

A estrada fazia uma curva que deixava ver a zona onde estivera a furgoneta.

Vi um fogo bastante forte e restos do veículo a arder, talvez uns oitenta metros mais abaixo.

As equipas de socorro tardariam em vir e era muito complicado chegar aos destroços.

Afastei-me por um emaranhado de estradas secundárias, que tinha estudado previamente.

Passei por uma ponte que passava sobre um riacho e deitei o material que levava em duas malas para a água, que era bastante escura. Muito poluída. Ocultou perfeitamente tudo o que eu lançara.

Depois de ver que a água ocultava bem o que se lhe lançasse, enchi as malas de pedras e fiz-lhes vários buracos de ambos os lados.

Lancei-as ao rio e vi-as desaparecer lentamente.

Se algo fosse encontrado algum dia, nunca seria relacionado comigo.

Continuei a viagem e passei por um pinhal que tinha um monte de terra recentemente cavada. Enterrei a pistola. Só a cobri com um palmo de terra e nem me preocupei com a possibilidade de que fosse encontrada.

Nada me relacionava com ela e não tinha impressões digitais.

O meu regresso ao carro foi tal como planeado.

Quando cheguei à quinta, Célia estava a preparar um churrasco para jantarmos às oito.

"Carlos... Estou nervosíssima! Como correram as coisas?"

"Como planeado e sem fissuras."

"Ufff! Que bem! Ouviste as notícias?"

"Não acendi o rádio. Que disseram?"

"Que uns escuteiros que estavam acampados viram uma furgoneta a despenhar-se e começar a arder quando bateu nas rochas, mas não puderam lá chegar. Um helicóptero sobrevoou a zona, mas só amanhã é que leva um grupo de sapadores militares, que descerão por rappel, porque é impossível aterrar na zona. Aínda não sabem se havia alguém dentro e só amanhã podem ver, porque se chegassem hoje seria de noite. Mas o helicóptero esteve parado no ar a inspecionar e não parece haver ninguém dentro, nem nas rochas mais acima. Ninguém saltou."

"Claro. O cadáver está acorrentado dentro e a furgoneta não tem vidros. E é possível que tenha ficado com o tejadilho pegado ao chão da cabina"

"Uma execução bem planeada e executada. És um querido. Como me proteges!"

"Esse bastardo queria condenar-te a violações sucessivas. A justiça não funciona. Só um tratamento assim pode controlar esse tipo de gente. Riem-se de polícias e juizes. Teve o que merecia."

"Esta noite vais ter um miminho especial. Algo que nunca te dei. Mas é surpresa."

Jantamos um frango que assamos na barbecue, vimos mais notícias sobre a forgoneta queimada, mas nenhuma alusão a nenhum cadáver.

"Vamos para a nossa caminha querido."

Eu estava entusiasmadíssimo com a surpresa que Célia me prometera.

"Vou duchar-me querido. Mas vou sozinha. Depois tiras-me tu as próteses. Como sempre. Queres?"

"Claro minha querida. Eu ducho-me na outra casa de banho."

Sorriu-me com doçura.

Sempre se ducha com as próteses. Tem um acessório impermeável, para poder duchar-se com elas e depois eu faço-lhe a higiene das partes que entram dentro das próteses.

Finalmente deitámo-nos juntos.

"Meu querido... Apetece-me imenso que me beijes a minha gatinha."

Não a fiz esperar.

"Ohhhhh... Carlos... Que bem o fazes! Mmmmm... Ai venho-me toda. Devo estar molhadíssima."

"Estavas. Mas já te sequei com a língua. És tão saborosa!"

"Ele nunca me fez este tipo de carícias. Eu só estava aí para o satisfazer. Só conheci o carinho contigo. E não tem preço. Não te trocaria por ninguém, nem por todo o ouro do mundo."

"Amo-te Célia. E acredito em tudo o que me dizes, mas por favor não voltes a falar-me dele."

"Perdoa-me. Não o farei nunca mais, mas para mim foi importante que o soubesses."

Colocámo-nos ambos de lado, Célia com as costas pegadas ao meu peito.

Senti que me aplicava algo frio e com textura de tipo gel no membro e nos testículos.

"Esfrega-te entre as bochechinhas do meu rabinho querido."

A sensação era muito agradável.

"Isso! Assim devagarinho... Mmmm... és tão meiguinho e tão suave! Continua a esquiar... mas não te venhas. Gostas?"

"É delicioso querida."

Beijava-lhe e lambia-lhe o pescoço e as suas lindas orelhas. Toda ela é linda!

"Continua. Agora vais ter a tua surpresa."

Meteu a mão por baixo e numa das minhas investidas, senti a que glande entrava dentro dela.

"Pára! Não tires, mas fica imóvel."

"Mas Célia? É...? É o que eu estou a pensar?"

A sensação era maravilhosa, mas diferente do habitual...

"Sim meu amor. Estás dentro do meu cuzinho. Gostas?"

Eu estava imóvel, como ela me pedira.

"Adoro! Nunca provei nada igual. Não te doi?"

"Nada! Agora continua a entrar em mim devagarinho. Pára."

"Sinto uma resistência."

"Sim. O esfínter. Faz um pouco de pressão mas não muita. Mantém sempre essa pressão constante. Isso. É mesmo assim. À medida que me for dilatando, vai entrando. Continua. Ufff! Ahhh! Entrou todo. Já não doi, mas de momento não te movas."

"Que maravilha de sensação! Amo-te Célia. Acabo de realizar um desejo que não me atrevia a pedir-te."

"Meu querido... É a primeira vez que o faço sem dôr e com amor. Imenso amor! O meu rabinho será teu sempre que quiseres. Sou toda tua. TODA! Cada centímetro quadrado de mim, sem nenhuma restrição."

"Ai Célia! Quando pensava que já não era possível amar-te mais... Entramos noutra dimensão. Algo que eu pensava que me estava proibido."

"Sinto o mesmo Carlos. E nada que desejes será proibido para ti. Já estou dilatada. Podes mover-te como quiseres e não tentes conter-te. Vem-te quando quiseres. Nas próximas vezes faremos tudo com mais calma."

"Próximas vezes?"

"Sim claro. Já te disse. Sempre que quiseres. Não há nada que eu te negue. Sou TODA tua."

Nesse momento eu estava bombeando com uma energia que não era habitual em mim.

Estranhamente aguentei tudo o que quis. Controle total.

"Carlos... Vem-te dentro de mim. Começo a estar um pouco dorida. Uma dôr doce, mas prefiro que te venhas já."

Tardei menos de um minuto e ejaculei abundantemente.

"Ai Carlos... É tão bom. Inundaste-me toda! E é tão quentinho! Tão doce tudo o que fazemos juntos! Agora sai de dentro da tua Celinha, mas devagarinho. Tens uma pila muito cabeçuda e podes magoar o meu anelzinho ao saír. Isso. Bem! Não me doeu. És um aluno de nota máxima!"

"Agora quero entrar na tua coninha... deixas-me?"

"Claro meu amor, mas vamos lavarnos antes. De frente para trás não há problema, mas detrás para a frente temos que lavar-nos antes. Quando estiveres no bidé, aperta a pila junto à glande, faz força e urina em esguichos, soltando e apertando, para que a urina arraste os gérmenes que possas ter na uretra. E lava-te com o gel germicida que pus lá. Se fizeres isso, não haverá problemas."

"E se o fizermos com condon, não é melhor?"

"Isso faremos quando estivermos no carro ou ao ar livre, porque aí não poderemos lavar-nos bem. Mas aqui em casa eu faço um enema antes e lavamo-nos bem depois. Com condon nada é tão bom como ao natural."

"Obrigado pela maravilhosa surpresa! Amo-te!"

Fomos lavar-nos e voltamos para a cama.

"Carlos, não tens remorsos do que fizemos ao Gustavo?"

"NADA! Voltaria a fazê-lo. Esse biltre violou-te e quis chantagear-te para continuares a ser a sua escrava sexual. Se o denunciássemos, isso não mudava nada, porque era a tua palavra contra a dele. A polícia só atuaria se ele te matasse. Podíamos ter-lhe dado um tiro, mas ele subjugou-te e torturou-te durante anos. E violou sabe-se lá quantas mulheres e raparigas inocentes. Morreu como merecia!"

Enquanto eu falava, Célia chupava-me a pila, como ela gostava de chamar-lhe.

"Carlos... deixemos isso. Estás de novo duro como uma rocha."

As amputações deixaram-lhe os joelhos intactos e parte das pernas mais abaixo também.

Sem nenhuma dificuldade montou-me e empalou-se em mim.

"Que bom Carlos. Posso fazê-lo e nem noto que estou amputada. Ohhhh... Delícia! Estás tesíssimo. Fode a tua Celinha, que te ama com loucura."

Estivemos mais de meia hora assim.

"Já queres que me venha meu amor? Posso continuar."

"Que controle tens! És capaz de aguentar o meu orgasmo sem te vires e depois acabas na minha boca? Desejo imenso vir-me e depois beber-te até à útima gota!"

Disse-lhe que sim e desfutei imenso ao vir-me na sua boquinha, com seis fortes esguichos e uns oito ou dez mais, cada vez menos abundantes.

Estava completamente vazio e consolado.

Célia aninhou-se entre os meus braços e dormimos uma noite tranquila.

Estava no mês sete do ano sabático que iniciei quando comecei a viver com Célia.

Sou um articulista especializado em economia e trabalho online para bastantes revistas, sobretudo estrangeiras, sem ser empregado de nenhuma delas. O que se chama um freelancer, por isso pude dar-me a esse luxo.

Tenho uma razoável fortuna pessoal que herdei e sou filho único, por isso não temos problemas a nível económico. Trabalho porque gosto imenso escrever sobre economia, não por necessidade. E desde que Célia entrou na minha vida, também não tenho problemas a nenhum outro nível.

As nossas vidas complementam-se e somos felizes.

Decidimos ficar uns dias mais na quinta. Célia estava agora a gozar o resto do seu mês de férias.

Quatro dias depois daquilo que designamos por Operação Limpeza, recebi um telefonema.

"Bom dia, falo com o sr. Carlos Gouveia dos Santos?"

"O próprio. Com quem tenho o prazer...?!"

"Inspetor José Santana da Polícia Judiciária. Vejo que não está em casa..."

"Não. Estou na minha quinta com a minha mulher."

"Desconhecia que era casado."

"Não sou. Pensamos casar-nos ao longo deste ano, mas nem por isso deixa de ser a minha mulher."

"Ah... Ok. Necessito falar com os dois."

"Perfeito inspetor. A minha quinta está no meio de nenhuma parte, perto de Colares. Mando-lhe as minhas coordenadas, ou prefere que nos desloquemos a Lisboa?"

"Não. Mande-me as coordenadas. Eu vou aí."

"Pode dizer-me o motivo do seu contacto?"

"Falaremos aí."

"Perfeito. Aqui o esperamos. Vem já?"

"Vou."

Olhámo-nos.

"Achas que ele descobriu alguma coisa?"

"Impossível. Repara que nem sequer há notícias de que o cadáver calcinado que encontraram seja dele. Pode ser que não se possa analisar o ADN e apenas saibam que a furgoneta lhe pertencia, pela matícula. Mantém-te calma. Estes polícias experientes farejam a ansiedade."

O inspetor apresentou-se com um tal agente Garcia, o único que vinha com uniforme.

"Façam o favor de entrar."

Depois das apresentações...

"Posso oferecer-vos um bom café brasileiro?"

Ofereci, com o ar mais cordial e descontraído deste mundo.

"Não muito obrigado."

"Muito bem. Sentemo-nos e diga-me em que vos podemos ser úteis."

"Dona Célia... Quer que fale consigo em privado? O assunto refere-se a um tal Gustavo Calheiros."

"Não. O meu marido, que como ouviu, não o é oficialmente, conhece o Gustavo e todos os detalhes da minha anterior relação com ele. Em que é que esse desgraçado anda metido? Algo que ver com droga, não? ou com jogo..."

"Tem tido algum contacto com ele?"

"Comecei a minha relação com ele quando era uma adolescente descerebrada e leviana. Sempre vivi com os meus pais, mas passava mais tempo com ele que com a minha família, até ao dia em que sofri uma amputação traumática, numa estação de metro."

"Sim... conheço os detalhes do seu acidente. Deixe-me felicitá-la. Foi uma heroína. Mas continue."

"Obrigada. Quando ele soube do acidente foi ver-me ao hospital. Quando me viu amputada, desapareceu e... até hoje!"

"Quer dizer que não voltou a vê-lo?"

"Não. Nós vimo-lo uma vez, nem me lembro quando, talvez há mais de três meses num hipermercado, mas acho que ele não nos viu. Saímos sem chegar a comprar nada, para evitar encontros."

"Sim inspetor, mas eu também não saberia dizer-lhe quando... Acho que foi num Pingo Doce."

Acrescentei.

"Posso saber em que anda metido desta vez? Ou é confidencial?"

Perguntou Célia com o ar mais natural deste mundo.

"Temos motivos para pensar que está morto."

"Para lhe ser franca não me estranha... Tem imensos inimigos."

"Se a morte se confirmar... Que sentimento lhe provocará?"

"Nenhum! Indiferença total. Nem pena, nem alegria... Nada."

"E porque diz que não lhe estranha?"

"Sempre andava com dívidas de jogo, de droga e complicações de que nem me enteirei, mas espancaram-no cinco vezes, durante a minha relação com ele."

"Conhece alguns dos seus inimigos?"

"Não. Mas sei que os tem, ou tinha... pelos comentários que ele fazia."

"E como se sentiu quando ele a abandonou, depois do acidente?"

"Agradeci a Deus que me tivesse levado as pernas! Não o deixei antes, porque me tinha ameaçada. Aprendi pelo pior método possível que estava metida com um marginal, um sádico, desejava uma vida normal, tornei-me uma mulher de princípios e senti-me liberta pela primeira vez em dez anos. O Carlos mudou completamente a minha vida e a minha forma de estar no mundo."

"Odiava-o?"

"Tinha-me anulada como pessoa. Com vinte anos fiquei grávida e obrigou-me a abortar. Não sei o que sentia por ele. Só sei que queria fugir, mas não me atrevia. Vivia aterrorizada."

"Ou seja... Se está morto não se perde nada."

"Já lhe disse que não me importa. Vivo felicíssima com o Carlos, que me conhece desde sempre e me aceita com todos os meus defeitos e talvez alguma virtude... e acima de tudo, porque me ama! Mas para não fugir à sua pergunta, para mim não se perde, nem se ganha nada. Gustavo, vivo ou morto, está fora da minha vida e só quero tentar esquecer um passado indesejável de que me considero culpada em alto grau. É certo que não sabia com quem me estava a meter, mas fui com ele porque quis."

"A Célia tomou decisões equivocadas no princípio da sua vida, conheço todo o seu passado, aceito-o e hoje é uma senhora dos pés à cabeça, com quem me casarei brevemente e que amo infinitamente. O passado foi uma travessia do deserto para os dois, mas não nos afeta no presente."

"Para si também?"

"Sim. Ela escolheu-o a ele e vivi num inferno, porque nunca deixei de a amar. Contra ele nada tenho por esse motivo, porque Célia escolheu-o por decisão própria, mas detesto-o porque sempre me tratou mal. Era um repetente dois anos mais velho que eu e fazia-me bullying. Nessas idades, dois anos é uma enormidade, mas tudo isso já está para trás. Felizmente hoje tenho-a comigo e não quero saber do Gustavo para nada. Vivo ou morto, não nos incomoda nem nos afeta, porque tem tido a decência de se manter ao largo."

"Entendo. Obrigado por me terem recebido. Espero não ter que vos incomodar de novo."

"Não incomodou inspetor. Desejo-lhe sorte na sua investigação.

Quando os polícias saíram, fiz sinal a Célia para que não falasse e escrevi uma mensagem num papel.

"Garcia deixou um microfone dentro de casa. No vaso da avenca. Não vás lá ver nada. Vamos atuar como se não soubéssemos e manter conversas irrelevantes, mas sem exagerarmos. Agora vamos falar da desaparição do Gustavo, como se nada soubéssemos sobre o assunto."

"Que é que terá acontecido a esse animal do Gustavo?"

"Célia... Não sei nem me importa. E agora, POR FAVOR, não me voltes a mencioná-lo. Nem hoje, nem amanhã nem nunca. Quero lá saber se está vivo ou morto!"

"Desculpa meu amor. Não voltarei a fazê-lo. A mim também não me importa. Foi só curiosidade."