Eva Maria - Um Sonho de Mulher

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"Vais em busca de algo que te vai trazer problemas."

"Falas por causa da noite passada?"

A pergunta era absurda, mas foi o que me ocorreu dizer.

"Falo por algo que nunca aconteceu... Até agora!"

"Mas que vês tu?"

"Tu sabes! Vais ver-te numa uma encruzilhada. Tem cuidado com o caminho escolhes. A tentação será grande."

"E que mais vês?"

"Nada... Vai com Deus."

"Quanto tenho que te pagar?"

"Nada. Só o que me quiseres dar."

Aquela mensagem deu-me que pensar. Tive a sensação de que ela via mesmo algo e sabia mais do que disse. Dei-lhe 20 euros.

"Bem hajas. Sê feliz e tem cuidado com o caminho que escolhes."

"Mas que vês tu? Vou seguir o caminho equivocado?"

"Isso vai depender de ti... e SÓ de ti. Depois não digas que não sabias. Adeus."

Não voltei a pensar na vidente.

4. Finalmente... Eva

O tempo parecia que se tinha detido, mas o dia da partida acabou por chegar.

Estacionei o meu velho Mercedes SLK 200 preto, com 15 anos e 290.000 km no parking em frente da receção.

"Olá Dona Isabel! Quanto tempo!"

Entretanto entrou uma senhora loura, muito bonita e elegante, uma autêntica estampa, que tinha aspeto de ter trinta e tantos anos, com uma mala grande e duas pequenas.

"Bons olhos o vejam senhor doutor. Quanto tempo!"

"Para si sempre serei o Ric e trate-me por tu. Sou o mesmo miúdo que uma noite lhe esvaziou um extintor de CO2 com o restaurante cheio de gente."

"Hahaha!"

Olhei para a origem das gargalhadas.

"Ai desculpe! Não tinha nada que me rir, mas imaginei a cena e não pude evitá-lo."

Era a tal senhora que acabava de entrar.

"E fez muito bem! Rir descongestiona o corpo e melhora a saúde. Muito gosto. Sou o Henrique, mas pode tratar-me por Ric."

"Muito gosto Ric! Eva Maria."

Não devia ser ela. Teria que ser outra Eva. Esta era demasiado jóvem... Invulgarmente bonita e muito atrativa!

Nesse momento veio-me à cabeça uma canção espanhola dos 70, de que gosto muito e comecei a cantá-la.

"Eva María se fue... buscando el sol en la playa.

Con su maleta de piel y su bikini de rayas."

"Hahaha. A música soa-me, mas a letra não conheço. É conhecida?"

"Em Espanha sim."

"Cante o resto. Gosto do estilo."

"Ella se marchó... y solo me dejó... recuerdos de su ausencia.

Sin la menor indulgencia, Eva María se fue."

De repente apercebi-me do que tinha cantado, sentí-me constrangido, mas era tarde.

Nesse momento Eva Maria ficou branca como a cal e teve que sentar-se.

Eu vi que não estava bem, pedi à dona Isabel um copo de água e um pacote de açucar.

Dei-lhe a água sujeitando-lhe a cabeça e puz-lhe uma quantidade mínima de açúcar na língua.

Ela recuperou-se um pouco.

"É diabética?" Perguntei-lhe.

"Não. Deve ser do sol..."

"Como assim? Lá fora estão vintesseis graus e já leva pelo menos três minutos aqui debaixo do ar condicionado. Já está bem?"

"Ssss... Sssiiiim... Obrigada."

Aí entendi tudo. Ela era de facto a Eva que eu buscava. Esta segunda parte que eu cantara tinha alguma semelhança com a história da sua vida. A emoção fora demasiada para ela.

Depois de se recuperar fez o checkin e foi para o quarto, mas antes ouviu-me dizer à dona Isabel que ia para a esplanada. Eu dissera-o para que ela me ouvisse.

Passados uns minutos, estava eu a ver o meu correio eletrónico no iPad, quando ela apareceu.

Convidei-a a sentar-se e Eva aceitou.

"Que susto me pregou Eva..."

"Imagino... Desculpe-me. Não sei o que me aconteceu. Alguma baixa de tensão."

"Tem alguma patologia cardíaca?"

"Não. Não devemos dar demasiada importância a isto. Diga-me Ric, a Isabel tratou-o por 'senhor doutor'. É médico?"

"Sou veterinário."

"Não quero ser impertinente, mas tenho imensa curiosidade, posso perguntar-lhe que idade tem?"

"Claro! Vinte e oito anos."

Menti. De momento não queria que descobrisse quem eu era.

"Posso perguntar por que quer saber?"

"Mmmm... Na verdade por nenhum motivo de especial. Simples curiosidade."

"Como vê somos praticamente da mesma idade."

Lancei o anzol para ver se ela picava.

"Não! Eu sou muito mais velha. Trinta e cinco. Mas você parece muito mais novo."

"Eu sei. Toda a gente o diz e o meu espelho também, mas não. Já gostava eu."

"Solteiro?"

"Sim e a Eva?"

"Também."

"Posso perguntar-lhe a que se dedica?"

"Sou funcionária do estado. Trabalho na Repartição de Finanças do Rossio (2)."

"Ah... O inimigo!"

Disse rindo-me.

"Não seja mauzinho... Alguém tem que fazer esse trabalho."

"Sim claro. Foi uma brincadeira de mau gosto."

Respondi sorrindo.

"Não se preocupe. Estou habituada."

Eu mentira pondo-me mais três anos em cima. Ela mentira tirando-se seis anos de cima.

Agora, ela pensava que tinha mais treze anos que eu, mas queria que eu pensasse que eram só sete.

O importante para mim era que ela não suspeitasse que era a minha mãe biológica.

Antes de lho dizer queria conhecê-la melhor.

Aparentemente ela acreditara que eu tinha mesmo vinte e oito anos. A minha barba completa e bastante espessa ajudava bastante e quem costumava mentir com a idade eram as mulheres de a partir dos trinta e os homens depois dos sessenta...

"Bem vou dar um mergulho na piscina. Quer vir?"

"Agora não. Quero esticar-me um pouco numa espreguiçadeira à sombra de uma árvore."

Levantámo-nos e cada um foi para o seu respetivo quarto.

Saí com o meu fato de banho e atirei-me à água.

Uns minutos depois saiu Eva Maria com um biquini às riscas;

(bikini de rayas) como dizia a canção.

Colocou-se num síto desde onde podia ver bem a piscina. Tive a sensação de que ela não me queria perder de vista.

Estive dez minutos a fazer exercícios de aquecimento, dei um megulho e fiz cinco comprimentos de piscina. Depois saí e dirigi-me ao trampolim.

Eu praticara mergulho olímpico durante vários anos e ainda estava bastante em forma, tendo em conta que era um praticante que nunca fizera competição.

Subi ao trampolim mais alto da piscina.

Fiz o pino na borda da prancha e ao fim de cinco segundos fiz um mortal e entrei na vertical dentro de água.

Em nenhum momento olhei para ela, mas sabia que me estava observando.

Voltei a subir, dei três saltos na prancha para tomar balanço e fiz um mortal seguido de pirueta. Um megulho bonito e espetacular.

Havia três jovens raparigas, entre os dezoito e os vinte anos, que me deram uma salva de palmas, mas eu ignorei-as.

Depois dei mais três saltos, todos espetaculares e depois do último, vim à superfície encostado à piscina, de forma que a minha cabeça não ficasse á vista de Eva e aí fiquei uns três minutos.

De repente ela atirou-se à água, deve ter visto que eu não estava debaixo de água e quando veio à superfície girou o corpo e a cabeça até me encontrar.

"Caramba que susto! Não o via e pensei que lhe tivesse acontecido algo."

Era o que eu pretendera, mas respondi-lhe como se estivesse supreendido.

"A mim? Porquê?"

"Você deu esses impressionantes saltos acrobáticos, não aparecia... eu pensei que pudesse ter batido com a cabeça no fundo e... Tive medo! Só me veio à cabeça a história do espanhol Ramón Sampedro... Que horror!"

"Que uma linda mulher se preocupasse por mim, é algo que não esperava. Isso tem que ser recompensado. Deixe-me levá-la a almoçar a melhor cataplana de marisco de todo o Algarve."

"Uma linda mulher! Você é um adulador e um mentiroso, mas muito amável... e um notável acrobata!"

Estava corada e sorria encantada.

"Então aceita o meu convite ou não?"

"Ai... Não sei... Onde é?"

"Está depois de Lagos perto da Ponta da Piedade. O Red Lobster (3)."

"É muito longe... Talvez outro dia..."

"Ok. Ao menos podemos comer juntos aqui no hotel, ou estou a ser inoportuno?

Não... Inoportuno não, mas..."

"Já entendi. Não se preocupe. Desejo-lhe um bom almoço. Já nos veremos por aqui." Sorri-lhe e fui duchar-me ao meu quarto.

Quando era meio dia e um quarto passei pela receção e disse à dona Isabel que nesse dia não almoçava no hotel.

Quando me dirigia ao carro apareceu-me Eva com um sorriso tímido.

"Desculpe-me. Fui muito descortês consigo. Eu sou bastante tímida e não esperava que um jovem como você me convidasse..." Interrompi-a.

"Não se preocupe. Se mudou de ideias o convite continua de pé."

"Está bem. Aceito. Muito obrigada."

Saí do carro, dei a volta para abrir-lhe a porta e ela sentou-se no lugar da direita.

"Que lindo é este Mercedes." Comentou.

Já é bastante antigo. Tem quinze anos, mas não o vendo porque tenho muito boas recordações dele. Mantenho-o impecável como quando saiu do concessionário. Era do meu pai e depois

"Ai por mim sim. Há anos que não ando num descapotável e hoje está um dia magnífico."

Abri o porta-luvas e tirei uma bolsa plástica. Passei-lha.

"Tome. Tem dentro um protetor solar. Com o vento não se sente demasiado o calor, mas queima igual."

Eva bezuntou-se e a seguir bezuntou-me a cara, o pescoço e o braço direito. O nosso primeiro contacto físico foi delicioso e senti um enorme carinho por ela. Uma coisa nada normal, que eu próprio achei descabido e inexplicável.

"Eu ponho-lhe. Assim não mancha esse lindo volante de couro. Passe-me o braço esquerdo."

"Mmmmm... Que delícia. Obrigado. Depois, por favor, meta o frasco na bolsa e tudo no porta-luvas, para que não se manche nada."

Durante a viagem de ida, o almoço e a viagem de volta, Eva fez-me muitíssimas perguntas. Queria saber tudo sobre mim. Tive que ter muita atenção para não entrar em contradições. Não o dizia, mas aparentemente estava desconfiada com a minha idade.

"Já pensou em emigrar para os Estados Unidos?"

Perguntei-lhe com um sorriso irónico.

"Eu??? Não!... Que horror! Porquê?"

"A sua técnica de interrogatório é mais do FBI que de uma funcionária do estado português... mesmo sendo das Finanças."

Ri-me divertido.

"Ai desculpe! Tenho este defeito. A curiosidade mata-me. Prometo não voltar a perguntar-lhe nada."

"Não se preocupe. Até achei piada... e pode perguntar o que quiser."

O almoço estava ótimo e Eva parecia feliz.

De repente, durante a viagem de regresso, apanhei-a desprevenida e lancei-lhe uma pergunta.

"Eva, quer contar-me porque é que ficou tão perturbada quando lhe continuei a cantar aquela canção?"

"Não lhe vou mentir. Também não lhe vou contar muito. Essa canção despertou-me certas recordações. Quando ouvi que Eva Maria se foi, sem a menor indulgência... Não. Não quero falar disso."

"Ok. Não pergunto nada mais. Mas já lhe digo que não é a única que algum dia rompeu o coração a alguém."

"Oxalá tivesse sido isso... Não! Não me faça falar. Você tem imensa habilidade para isso."

"Não foi minha intenção... Mudemos de assunto. Já foi à Ponta da Piedade?"

"Não e tenho certa curiosidade."

"Pois não é tarde nem é cedo."

Fomos e Eva gostou imenso.

"Podemos tirar uma foto juntos, como recordação destas férias?"

"Porque não?"

Vi que lhe agradara a ideia.

Pedimos a um turista alemão que nos fotografasse com o meu smartphone.

Depois pedi a Eva que me desse o seu email, para lha poder mandar.

Passamos um dia muito agradável.

Acabamos por jantar juntos e tive que a deixar pagar o jantar, sob a ameaça de não voltar a saír comigo.

"Ric... Adorei! És uma companhia super agradável, a comida era ótima, levaste-me a ver coisas lindas, és um cavalheiro à antiga usança e tomo a liberdade de te tratar por tu. Espero o mesmo de ti."

"Digo-te o mesmo Eva. Há imenso tempo que não estava com alguém que me transmitisse tanta calma e felicidade como tu. Hoje senti-me feliz. É estranho. Acabamos de nos conhecer e o normal seria que me sentisse contente, alegre... mas quando digo me senti feliz, essa é mesmo a palavra. Tomamos o pequeno-almoço amanhã na esplanada, ou não vais ter mais paciência para me aturar?"

"Claro que tomamos. Que tal às nove e meia?"

"Perfeito. Na esplanada ou dentro?"

"Onde quiseres."

"Podemos ir à esplanada. A essa hora ainda não estará demasiado calor. Se virmos que começa a aquecer, vamos para o ar condicionado."

À noite, na solidão do meu quarto pensei nela, apeteceu-me imenso vê-la e tenho que reconhecer que não foi como filho que pensei nela. Tão linda! Tão simpática! Tão fascinante...

Ao fim e ao cabo, saí do seu ventre, mas mãe há só uma e a minha é a que me criou e educou.

Não posso criticar Eva Maria por me ter dado em adoção, porque não sei nada da sua vida passada.

Não a vejo como mãe. Na verdade não sei como a vejo, mas indubitavelmente gosto dela. Tenho a sensação de que a conheço desde sempre e sinto necessidade de estar com ela e não voltar a perdê-la... mas como mulher. Estava fascinado com ela.

Em tempos, eu lera um artigo muito interessante sobre um problema do foro da psicologia que se chama GSA (Genetic Sexual Attraction) ou Atração Sexual Genética (4) e depois disso li imenso sobre o assunto.

É um fenómeno de que não se fala, mas é bastante mais frequente do que as pessoas poderiam imaginar.

GSA é a atração sexual que às vezes familiares que não se conheciam antes, sentem pelo outro quando se encontram e pode ser ou não correspondido. Nada tem que ver com idades, género, nem outras coisas. É uma atração sexual pura e dura, com ou sem amor. É um fenómeno real, que está amplamente descrito e debatido em artigos que facimente se encontram na Internet.

Era indubitavelmente o que me estava a passar com Eva Maria.

Quando cheguei à esplanada Eva já estava sentada.

Cumprimentei-a com dois beijos. Fi-lo sem pensar e com a maior naturalidade.

Ela não o esperava e ficou bastante ruborizada, mas também me beijou.

"Olá Eva. Que bom ver-te."

"Olá Ric. O prazer é mútuo."

Pedimos dois pequenos almoços continentais.

"Que tal passaste o dia ontem?"

"Delicioso! Mas acho que não é muito apropriado que um jovem como tu tenha que aturar uma mulher muito mais velha, como é o caso."

"Que me dizes? Sete anos de diferença..." Interrompeu-me.

"Espera. Menti-te. Tenho treze anos mais que tu. Tenho 41 anos."

"Vamos com calma. Não é raro nem grave que uma mulher minta com a idade e para te dizer a verdade, é-me completamente indiferente a idade que tenhas. Sinto-me tão bem na tua companhia..." Voltou a interromper-me.

"Põe os pés na terra. Conhecemo-nos há 24 horas! Também me sinto muito bem contigo, mas creio que isso não nos faz bem a nenhum dos dois. Ontem quando fizeste esses lindos saltos acrobáticos, aquelas moças que estão alí junto à piscina deram-te uma salva de palmas e nem olhaste para elas. Elas são muito mais adequadas que eu, para que fixes a tua atenção."

"Não ando à procura de aventuras com mulheres, nem essas garotas me interessam para nada. Vim aqui para descansar e se fixei a minha atenção em ti, não foi por acaso. Tu és especial e não tens idade. És atemporal. Quando tiveres oitenta e tantos anos continuarás ser única. Linda! Fascinante! Assim te vejo."

"Ai meu Deus! Não te rias. Pobre de mim."

"Olha-me nos olhos Eva Maria. Vês algum vestígio de vontade de rir? Tratei-te de alguma forma inapropriada? Vês em mim algum indício de conquistador barato?"

"Não. És um perfeito cavalheiro."

"Eva... Se pensavas assim, porque vieste comigo ontem? Já sabias qual era a nossa diferença de idade.

Não devia ter ido, mas não pude resistir... Perdoa-me."

"Perdoo-te se hoje vieres comigo à praia. Levo-te a uma praia muito bonita que é impossível que conheças e depois vamos almoçar a um restaurante que conheço na ilha de Faro."

"Não me faças isso Ric. Não fizeste nenhum caso do que te disse."

"Eva sejamos ambos adultos. Tu gostaste tanto de estar comigo como eu contigo. Ou estou equivocado?"

Olhei-a profundamente nos olhos.

"Ai Ric... Não me olhes assim. Parece que me estás a desnudar... a alma."

Gerou-se entre os dois um silêncio incómodo.

Quando terminamos de comer levantámo-nos.

"Eva vou ao meu quarto e dentro de meia hora saio para a praia. Estarei sentado no carro às 10:25. Ás 10:30 em ponto arranco o motor e parto. Estás convidada. Se não vieres ficarei muito triste, mas não voltarei a tentar impor-te a minha presença. Não tenho nenhum direito."

"Ric tu achas..." Interrompi-a.

"A única coisa que acho é que tu tens todo o direito de não querer ser incomodada e a minha insistência podia até ser considerada acosso, coisa incompatível com a minha condição de cavalheiro. Até já, ou até algum dia... Eva Maria."

Eva não apareceu. E agora que faço? Pensei. Ainda esperei mais cinco minutos, mas definitivamente Eva não viria.

Saí sem rumo, deambulei por vários sítios, fiquei desesperado e tive imensas saudades de Eva, essa mulher fascinante que um dia me pariu. Temia ter estragado tudo.

Fora uma total imbecilidade tratá-la assim.

Passei o dia errando... jantei nem sei onde, e acabei por ir parar a um bar de Albufeira, onde me abordou uma tal Agneta, dinamarquesa, bastante simpática e ainda bastante bonita, apesar de ter pouco menos de cinquenta anos. Necessitava homem.

Bebemos juntos umas cervejas, demos um passeio descalços na praia, ela não parava de me beijar e acabou por quase me impor uma sessão de sexo no seu apartamento. Foi frustrante. Enquanto a penetrava só pensava em Eva e não lhe fiz sexo oral, embora ela me tivesse dito que era uma coisa que apreciava imenso. Também queria ter sexo anal, mas eu menti-lhe, dizendo que nunca tinha feito e não queria nem experimentar. Ejaculei ao fim de menos de dez minutos, para ela pensar que era um ejaculador precoce e perder o interesse. Depois quis fazer-me uma felação, apesar de eu lhe dizer que não me apetecia e a pedido dela, ejaculei-lhe na boca. Tardei três minutos. Uma autêntica vergonha. Bebeu-me todo.

Queria estar comigo no dia seguinte, mas disse-lhe que me ia embora do Algarve à seis e meia da manhã.

Disse-me que se eu quisesse, cancelava a estadia em Albufeira e ia comigo para Lisboa, mas eu repondi-lhe que ia para uma vila pequena chamada Aljustrel para começar a trabalhar às nove e não ia ter tempo para lhe dar atenção. Claro que ela nunca tinha ouvido falar de Aljustrel e não lhe interessava nada ir para lá, ou acabou por perceber que eu não estava nada interessado nela. Fez-me pena. Essa mulher estava muito sozinha, necessitada de atenção e sexo... e era uma doçura.

Fora uma forma de me livrar dela, tentando não a magoar.

Depois de um dia desgraçado, cheguei ao hotel às 03:20 da madrugada.

5. A revelação

No dia seguinte às 09:10 fui tomar o pequeno almoço ao restaurante do hotel para evitar encontrá-la. Não queria cortar com ela, mas não sabia como retomar o contacto. O que não podia imaginar era que ela pedira à dona Isabel que a avisasse quando me visse descer, mas que não me dissesse nada.

Cinco minutos depois apareceu Eva.

"Bom dia! Posso sentar-me?" Olhava-me com um lindo sorriso.

"Concerteza!" Levantei-me e ajustei-lhe a cadeira.

"Sempre um cavalheiro Ric."

"Eva perdoa-me pela minha atitude de ontem."

"Que atitude? Não me lembro de nada estranho que tenha ocorrido ontem. Que tal passaste o dia?

Sabia ser muito diplomática, capacidade que eu não herdei dela.

"A verdade?"

Olhei-a profundamente nos olhos.

"Alguma outra coisa teria algum interesse?"

Respondeu-me sem desviar o olhar.

"Passei um dia desgraçado."

"Já somos dois. O convite da praia ainda está de pé?"

"Sempre Eva. Sempre..."

Quarenta minutos depois estávamos a caminho da praia do Ouriço (5).

Era uma praia que quase ninguém conhecia. Entre rochas, mas com uma areia fina, sem pedras e sem acesso por terra.

Mesmo vindo de barco, só se vê se contornarmos duas grandes rochas que a escondem desde todos os ângulos. Obviamente fomos de barco.

Vimos dois barcos ancorados a vinte metros da orla e só havia três casais e alguns garotos e garotas.

"Bem mestre André. Pode vir buscar-nos dentro de duas horas e meia?"