DIANA - Um Amor Ilícito?

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Enamorado de Diana desde havia muito tempo...
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EDITADO - Basicamente é a mesma história antes publicada, mas mais trabalhada e com algumas correções que eram necessárias.

Este relato é um romance de amor fictício e nada mais. Foi escrito com um espírito muito romântico, talvez demasiado sentimentalista em momentos pontuais, com algum sentido de humor e é uma história bastante credível, pelo menos na opinião do autor.

Não está inspirado em nenhum caso real conhecido.

Não é um relato de sexo. É uma história de amor com sexo, que acontece nos momentos que o autor considera oportunos. Sexo que não é mais que a expressão física de um amor avassalador entre Eduardo e Diana, com algumas cenas bastante explícitas.

Aqui não aparecem pénis nem peitos de tamanhos desproporcionados.

Se o que busca é pornografia pura e dura com sexo a metro, este relato não é para si.

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"Edu vem aqui!"

"Que é que temos agora?" Respondi-lhe com maus modos.

A minha mãe ultimamente andava demasiado parva para o meu gosto e notava-lhe uma certa animosidade contra mim.

"Não me respondas assim!"

"Ouviste o teu tom quando me chamaste? Pensas que estás no século XIX a falar com algum escravo?"

"COMO TE ATREVES?"

"Baixa os decibéis se não queres ficar para aí a falar com as paredes. Não estou para aturar despropósitos. O coitado do meu pai deve ter respirado fundo quando se livrou de ti e se continuas assim, um dia destes sou eu que saio porta fora, para não voltar."

"Edu! Filho... Não te ponhas assim." Estava bastante mais mansa. Entrada de leão e saída de sendeiro.

"Fala. Mas com cordura! Que é que se passa?"

"Tu é que deves saber. Tu e mais alguém!" Começava a irritar-me a sério!

"Ou falas claro ou a conversa acaba-se já aqui! Que é que eu devo saber e quem mais deve saber o quê?"

"Tu tem cuidado com essa mulher!"

"O que me faltava! De que mulher estás a falar?"

"Não te faças desentendido! Vocês passam o tempo com olhares, sorrisos, enfim... e um destes dias o pobre Júlio vai começar a desconfiar."

"Que Júlio? Não te estarás a referir ao tio Júlio."

"Quantos Júlios conheces?"

"Mas isso é o maior absurdo que ouvi nos últimos dez anos! E a pessoa a quem chamas 'essa mulher' não será a tia Diana..."

"O pobre Júlio está tão doente e essa lambisgóia está vidrada em ti! E não sou só eu que noto isso!"

"Ah sim? E quem mais nota isso? Imagino que a venenosa da tia Cecília e por arrastamento a tonta da tia Fernanda, que essa nem para isso tem imaginação, mas vai atrás dos vossos delírios."

"Fala com mais respeito das tuas tias!"

"Tu vai ao médico, que não sei se não estarás com princípio de demência senil."

"Senil? Com quarenta e oito anos senil?"

"Pode acontecer e os sintomas começam assim." Disse para a irritar.

"Sempre estás pendente dela e não fazes caso de mais ninguém."

"Disparate! Se falo bastante com a tia Diana é porque todas vocês, as restantes mulheres da famíla não são capazes de falar de nada mais que os cornos dos famosos, os vestidos das aristocratas... as amantes e os amantes não sei de quem, e futilidades do estilo. A Tia Diana é uma mulher culta e interessante com quem adoro discutir assuntos sérios, trocar impressões sobre os livros que ambos lemos, política atual, tecnologia, etc... Somos dois intelectuais. E isso nada tem que ver com o facto de ser mulher. Faço o mesmo com o marido da Aurora. Ou não? Já só falta que digas que também tenho tendências homossexuais."

"Que disparate!"

"Já agora diz-me qual foi o último livro que leste e de que tratava."

"Eu não sou de leituras."

"Nem de nenhuma atividade cerebral! Vês porque é que não perco o meu tempo a conversar contigo?"

"Se falo com uma mulher estou interessado nela, se falo com um homem estou interessado em quê?"

"Não é a mesma coisa!"

"Poucas coisas há mais deprimentes que uma mulher com atitudes machistas!"

"Não desvies a conversa!"

"Adoro a tia Diana, claro que a adoro! Mas como tia e como amiga. Tem mais dez anos que eu e sempre me tratou bem, desde que a conheci com oito anos de idade. Se calhar ela antes tinha tendências pedófilas não?"

"Não sejas parvo!"

"Ela não tem a culpa de ser jovem, bonita, interessante e culta. A mulher perfeita! Quem me dera encontrar um dia uma mulher assim! Tenho imensa admiração por ela, gosto imenso de conversar com ela, mas não sinto nenhuma atração por ela, da forma que as vossas mentes retorcidas imaginam. E mesmo que sentisse, nunca poderia cobiçar a esposa do tio Júlio. Respeito-os aos dois o suficiente para que não me passasse tal coisa pela cabeça! Tu e as tuas irmãs são três bilhardeiras e umas invejosas, com a capacidade intelectual de uma bota, cheias de areia na cabeça! E digo areia, para não dizer a palavra de cinco letras que melhor se vos aplica."

"Não te admito..."

"Pois admitas ou não, é o que é!"

"Nem falas com as tuas primas, que são mais ou menos da tua idade. E elas estão muito sentidas contigo."

"Mentira! Sempre as cumprimento com cordialidade. Mas com essas não sinto nenhuma afinidade. Com nenhuma, embora a Manuela seja bastante mais passável que as outras. Vão pelo mesmo caminho que as mães."

"Ah pois! Afinidade sim... mas só com ela!"

"ELA chama-se Diana e deveria merecer-te respeito. Imenso respeito! Foi uma esposa admirável na saúde e continua a sê-lo na doença! Uma professora universitária, que pediu uma licença ilimitada para se ocupar do seu marido doente a tempo inteiro! Uma mulher nobre, onde as haja! Acabou-se a conversa!"

Se ela soubesse a verdade!

Uma semana antes tivera o primeiro encontro a sós com a minha tia Diana. Um encontro não planeado. Completamente fortuito.

Eu vinha da universidade e ela da farmácia. Caminhavamos de frente um para o outro. Sempre fora bonita, mas naquele momento estava divina! Com uma expressão melancólica que acentuava a sua beleza e dava-me vontade de a comer a beijos para a consolar!

"Edu! Como estás?" Deu-me um beijo.

"Muito bem e a tia? Vejo-a um pouco abatida."

"Muito filho. O Júlio teve outra crise esta madrugada e está outra vez hospitalizado."

"Tia Diana sinto muito. Porque não nos sentamos um poco ali no jardim e conta-me tudo? Naquele banco á sombra daquela árvore tão frondosa."

"Oh sim! Adoro conversar contigo Edu e a verdade é que neste momento necessito-o mais que nunca! Quando estivermos os dois sozinhos trata-me por tu, mas não diante delas."

"Claro Diana. Vamos."

Sentámo-nos e aconteceu aquilo que foio momento crucial da minha vida.

"Edu... O teu tio já entrou na fase terminal. Ainda vai voltar a casa, depois voltará ao hospital e este ciclo vai-se repetir até ao momento em que já não voltará mais a casa, ficará definitivamente sedado para que finalmente descanse sem sofrer. Já começou a tomar medicamentos à base de morfina e está a dormir a maior parte do tempo."

"Mas Diana, tu pelo menos tens a consciência tranquila. Deixaste a universidade para te dedicares a tratá-lo. Eu sei que adoravas o teu trabalho de professora e um amigo meu que foi teu aluno disse-me que ele e todos os seus colegas te acham brilhante. Não te poupas a esforços para que o tio Júlio sinta o teu carinho. Que mais poderias fazer?"

"Nada, mas tenho imensos remorsos."

"Remorsos? De quê?"

"Coisas minhas..."

"Não queres contar-me? Seja o que for ficará entre nós! Desabafar alivia a tensão. Não tenho conversas com ninguém a teu respeito e menos com o trio maravilha."

"Na verdade Edu, sinto necessidade de abrir a alma com alguém, mas é algo tão íntimo..."

"Todos temos coisas muito íntimas. Demasiado para se poder contar. Coisas que desejamos dizer e não nos atrevemos."

"Tu também?"

"Sim Diana. Eu também tenho algo muito íntimo que me corroi por dentro. Quem me dera poder compartilhá-lo com a pessoa que está na origem do problema! Mas não posso. Ela não aceitaria que eu... Nem sei como reagiria."

"Edu... Seja o que for conta-me. Não te vou julgar, nem ficarei dececionada contigo."

"Como podes sabê-lo?"

"Intuição de mulher." Disse, olhando-me tão profundamente que fiquei todo arrepiado.

"Estou apaixonado por alguém que... por alguém a quem não posso confessar... Perderia a sua amizade."

"Porque é que não contas o teu problema à tua incondicional amiga Diana?"

"Desejo fazê-lo, mas não tenho coragem. Faria uma figura ridícula."

"Pensava que confiavas em mim."

"E confio. És a pessoa em quem mais confio neste mundo!"

"Bem Edu eu não vou insistir mais, mas permites-me um conselho?

"Claro!"

"Edu, que eu seja ou não tua tia é completamente irrelevante. O importante é que sou uma grande amiga tua... Por isso esperava que confiasses mais em mim..."

"Diana, não é uma questão de... -- Interrompeu-me.

"Edu deixa-me terminar. Tu conheces bem essa moça?"

"Conheço, mas não é uma moça. É uma senhora casada, com uma categoria impressionante a todos os níveis. Já começas a estar dececionada?"

"Não Edu! O coração não conhece regras e eu não pertenço ao clube do nacional catolicismo, nem da nacional hipocrisia. Deixo isso para a tua mãe e para as suas queridas irmãs."

"Imaginas o que pode ser uma declaração de amor a uma senhora casada?"

"Que tipo de relação tens com ela?"

"Uma sincera amizade. Excelente de parte a parte."

"Se ela for uma mulher como as tuas palavras deixam transparecer, nunca terá uma má reação. O pior que te pode acontecer é que te diga que não quer ter esse tipo de relação contigo, mas jamais a vossa amizade se verá afetada. É mais! Que um homem como tu tenha um sentimento por ela como o que tens tu, será um excelente tónico para o seu ego!"

"Achas mesmo que devia falar com ela?"

"Vocês têm muitas oportunidades de estar os dois sozinhos, como nós estamos agora?"

"Nunca. Na verdade só aconteceu uma vez..." Na realidade estava a acontecer, mas isso não lhe disse.

"Querido Edu, em situações difíceis eu sempre tento pôr-me no lugar da outra pessoa. Se eu intuisse que um homem estava interessado em mim, como pensaria eu? Claro que é difícil, porque nem sequer sei como é ela, mas..." Nesse momento interrompi-a.

"Sim Diana, diz-me como pensarias tu."

"Pois se eu não estivesse interessada nele, não perderia nem dez segundos a pensar no assunto, como é lógico. Mas se houvesse algum interesse da minha parte, eu pensaria assim: Nunca temos a possibilidade de estar os dois a sós. Esta é a nossa oportunidade de ouro! Se ele nada me diz, de duas uma, ou é porque não está interessado em mim e o assunto acaba aqui... ou bem pior! Ele quer, mas é um indeciso, ou um destes perdedores que são incapazes de abrir o peito às balas e lutar pelos seus ideais! Um destes homens que têm medo da sua própria sombra. Em qualquer dos casos, descartava imediatamente qualquer possibilidade de termos uma relação. Sem segundas oportunidades! Detesto indecisos e perdedores.

"Oh..." Fiquei sem plavras.

"Bem Edu... Como não me queres contar nada, acho que é o momento de nos despedirmos e irmos para as nossas casas."

Olhou-me com uma tal profundidade, que me senti penetrado até à alma.

Não Diana! Não se me aplica nenhum desses dois adjetivos! Quando o tio Júlio apareceu com a sua linda noiva de 18 anos, eu tinha 8 e adorei-a imediatamente. Da forma que um garoto pode adorar uma pessoa adulta, claro. A tua amabilidade e a tua doçura derreteram o meu pequeno coração. Quando te via, iluminava-se-me a alma. O tempo foi passando e a minha atração por ti foi progessivamente aumentando. Quando entrei na puberdade comecei a sentir... coisas. Aos meus dezoito anos estava perdidamente apaixonado por ti." Um par de lágrimas rolaram-me pela cara. "Mas senti que era um absurdo. Primeiro porque adorava o meu tio e não tinha o direito de lhe cobiçar a mulher. Acredites ou não, nunca te cobicei. O tio Júlio ainda estava de boa saúde e via-vos tão felizes, que só queria desaparecer da face da terra. Havia aí alguém que sobrava. EU! Queria deixar de amar-te, mas isso era algo que escapava ao meu controle! Perdoa-me Diana. Estás chocada ou incomodada com as minhas palavras? Deixamos o assunto aqui?"

"Não meu querido. Quero ouvir tudo. Continua."

Diana parecia serena. Como se lhe estivesse contando a coisa mais natural deste mundo.

"Então assumi que teria que sofrer en silêncio, porque eras um sonho inalcansável. Um sonho impossível! Um sonho a que eu não tinha direito, mas em todo o caso um lindo sonho, que o meu espírito se recusava a abandonar. Mas não podia dizer-te nada e por isso, esse amor era como uma planta que não se rega. Acabaria por secar... desvanecer-se. Só me restava resignar-me a sofrer durante o tempo que durasse essa tortura. Tentava encarar isso como uma dessas doenças que causam uma dor insuportável, mas que não matam e que algum dia acabam por passar." Calei-me.

"E quando passou?"

Meu Deus! O seu olhar era tão doce! Tão mágico, que eu só poderia continuar a dizer-lhe tudo o que ela quisesse saber.

"Nunca Diana. A planta não secou. O amor que sinto por ti está-me incrustado a fogo na alma. Desgraçadamente hoje continuo a amar-te com a mesma intensidade. Sei que não vou a parte nenhuma, mas foi um alívio contar-te a minha desgraça. Pelo menos já não sinto essa horrível pressão no peito. A partir de agora vou evitar-te o mais possível e não voltarei a falar-te deste assunto."

"Não Edu! Não quero perder-te! Definitivamente não! Estou muito sensibilizada com a tua sinceridade e com os teus sentimentos." Algumas lágrimas rolaram pela sua linda face.

"Não estás zangada comigo?"

"Como poderia Edu? Os teus sentimentos e a forma como os expressaste comoveram-me muito."

"Diana quando penso que ele vai morrer dentro de muito pouco tempo, tenho um drama interior que me consome a alma. Por um lado não quero que morra porque somos dois grandes amigos, por outro lado sei que quanto mais rapidamente falecer menos vai sofrer. Por outra parte, com a sua desaparição tu passarás a ser uma mulher livre. Seguramente não vais querer saber de mim para nada, mas às vezes há milagres e a fé é o último que se perde. Sinto-me como um abutre, pairando sobre um animal moribundo, esperando que morra para aproveitar-se dele... Isso converte-me num traidor e num miserável! Perdoa-me Diana! Tinha que te confessar tudo isto, mas ao mesmo tempo amaldiçoo-me por tê-lo feito, sobretudo porque o meu querido tio Júlio ainda vive. Tenho um conflito interior horrível. Imagino que acabo de caír em picado na tua consideração e agora sim, estarás dececionadíssima comigo." Interrompeu-me.

"Edu! Claro que não! O coração manda em nós e não o contrário. Não tens nenhuma culpa da situação do Júlio, nem de sentir o que sentes."

"Sinto-me tão mal com o tio Júlio! E agora contigo."

"Não tens por quê meu querido! Somos humanos. Eu amei muito o teu tio, mas desde há três anos que não tenho nenhum tipo de intimidade conjugal com ele. O pobre não pode... Tenho trinta e quatro anos e isto começou quando tinha trinta e um. Isso está a matar-me em vida. Os humanos necessitamos materializar os nossos sentimentos através do carinho físico... Não é só uma questão psicológica Edu, há processos bioquímicos a nível cerebral e hormonal... Hoje posso dizer-te que sou uma grande amiga do Júlio e serei a sua incondicional companheira até ao fim. Morrerá sentindo que a sua esposa o ama. Não posso tirar-lhe o último pedaço de felicidade que lhe resta. Em dois ou três meses no máximo, estarei viúva. Muito provavelmente antes."

"Já não o amas?"

"Sim e sempre terá um compartimento no meu coração só para ele. Mas há muitas formas de amar, Edu. Há muitas formas de amar... e a minha já não é a que é esperável por parte de uma esposa. Penso que já podes começar a imaginar os motivos do meu remorso. Mas a coisa não acaba aqui..."

"Que mais há Diana? Tiveste ou tens alguma relação?"

"Nenhuma Edu. Mas quero tê-la. Necessito-a imenso."

"Com alguém em particular?"

"Sim Edu. Com alguém em particular."

"E ele corresponde-te?"

"Sim. Já te contarei o que se está a passar comigo. Tu abriste-me a alma e eu farei o mesmo contigo, mas não estou preparada para falar disso agora. Podemos falar amanhã?"

"Sim Diana."

Diana escreveu uma nota e entregou-ma.

"Edu, amanhã às quatro e meia nessa morada? Podes? É a casa de uma amiga minha. Eduina."

"Claro Diana."

"Obrigada meu querido. Quero desabafar contigo, tal como tu desabafaste comigo. Teremos uma longa conversa."

"Diana, a Eduina não conhece o teu problema?"

"Sim. Claro que sim."

"Tinha entendido que nunca tinhas compartilhado a tua história com ninguém."

"Sim. Quis dar-te essa impressão. Amanhã entenderás porquê..."

"Lá estarei amanhã às quatro e meia."

"Vamos Edu. Regressemos às nossas casas. Até amanhã meu querido."

"Até amanhã Diana." Demo-nos um beijo na cara e levantámo-nos.

Essa noite não consegui dormir.

Como me atrevera a declarar-me a uma mulher que estava casada com o meu pobre tio, com ele ainda vivo?

Agora sim, sentia-me um perdedor! Diana já tinha alguém. Que sorte têm alguns! E no dia seguinte teria que ouvir a história. Porque seria que ela não me poupava a esse desgosto?

No dia seguinte quase não falei com a minha mãe e fui almoçar fora.

Depois fui a casa da tal Eduina e como sempre faço, cheguei pontualmente. Decidira que essa seria a última vez que veria a minha maravilhosa Diana.

Foi ela que me abriu a porta e apresentou-nos.

"Muito gosto Edu. Bem vindo a esta tua casa." Edu não era muito bonita, mas era um encanto.

"Muito prazer Eduina."

"Chá, café? Um whisky?"

"O que vocês beberem, desde que não seja alcoólico."

Bebemos todos café.

"A Edu é uma amiga de longa data. Tem acompanhado o meu sofrimento e contei-lhe tudo sobre a nossa conversa de ontem. É psicóloga."

"Como amiga e como psicóloga, acho que vocês necessitam ter uma longa conversa. Aqui ninguém vos vê nem vos ouve e ninguém sabe onde é que estão. Vou para a casa da minha mãe. Janto com ela e volto à noite. A casa é toda vossa e a Diana sabe onde está tudo. Quero que se sintam como casa. Posso fazer-vos uma recomendação?"

"Deves!" Disse Diana.

"Claro que sim." Disse eu.

"Digam-se o que pensam e o que sentem, por mais chocante que possa parecer. Desnudem as vossas almas e sigam os vossos instintos. Não deixem nada por dizer. Nada, por mais insignificante que pareça. Seja o que for. Felicidades!"

Quando Eduina saiu, fiquei sozinho com Diana.

"Diana... Como te sentes?"

"Muito bem, meu querido."

Começamos a conversar sobre uma série de banalidades.

"Eduardo, Ambos estamos aqui com rodeios, mas é tempo de falarmos muito a sério. Adorei ouvir tudo o que me disseste ontem. Uma mulher sabe ler certos sinais... Sempre foste muito discreto e correto comigo, mas já intuia que era a mim que amavas, via como me olhavas quando pensavas que eu não te estava a ver e outros pequenos detalhes. Mas claro que não estava segura. Vem comigo para o sofá. Vamos ao que ficou por dizer ontem."

Eu estava tristíssimo. Quem seria o tal 'alguém em particular' de quem tinhamos falado antes?

Seguramente algum professor que ela conhecia, um colega da universidade, ou... sei lá!

As mulheres em geral preferem homens mais velhos. Júlio tinha doze anos mais que ela. Como podia eu ter tido a veleidade de pensar que um fedelho como eu poderia interessar-lhe?

Que horrível seria ter que a ouvir falar do seu futuro companheiro, marido ou o que fosse, mas Diana estava empenhada em contar-me tudo...

"Edu, depois das confidências que te fiz ontem, creio que entendeste que necessito ter uma relação com alguém e sei perfeitamente com quem quero tê-la." Assenti com a cabeça. "Uma relação romântica e não me serve que seja só platónica. Necessito uma relação total! Completa! Para mim é indispensável que me acredites, quando te digo que nunca tive nenhuma relação extraconjugal." Calou-se olhou-me profundamente, esperando que lhe dissesse algo.