DIANA - Um Amor Ilícito?

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"Diana, tu és uma grande senhora. Já me disseste isso ontem e não me passou, nem me passa pela cabeça duvidar de ti."

"Espera Edu. Vou fazer um chá, que necessito uma pausa."

A espera fazia-se-me eterna.

Finalmente começamos a tomar o chá.

"Edu vejo-te com uma expressão triste. Ou é impressão minha?"

"Estou devastado Diana. Para quê negá-lo? Quando amas como amo eu, queres que o ser amado seja feliz, mesmo que isso implique a tua infelicidade. Há alguém que tu amas e que te corresponde. Isso é o que eu quero para ti. Que sejas feliz com quem tiver que ser... Só quero que ele seja digno de ti. O meu triste destino é sofrer por amor. Desejo-vos muito sinceramente que sejam muito felizes os dois. Realmente eu não tenho categoria para uma grande senhora como tu! Olhei mais alto do que devia."

"Ai meu Deus Edu! O último que eu queria era fazer-te sofrer!"

"Não te preocupes comigo. Simplesmente sê feliz. Se o conseguires valerá a pena.

"Maldito malentendido Edu! E a culpa é toda minha, mas foi sem querer. Vem aqui."

"Não Diana. Não quero que me consoles. A vida é como é. Não como nós queremos."

"EDUARDO! CÁLA-TE!" Gritou. Abraçou-me e literalmente comeu-me a boca.

"Essa pessoa de quem te falei és tu, tonto! Alguém que amo e que me ama. Pensei que tinhas captado a mensagem."

Nesse momento senti que o chão me fugia debaixo dos pés, tive suores frios, comecei a tremer e a hiperventilar. Senti-me desvanecer e mergulhei na escuridão. Os nervos acumulados tomavam conta de mim.

Não sei se chegou a ser um ataque de ansiedade, mas passou-me quando Diana me afagou a cara com uma toalha molhada em água fria.

"Edu! Meu Deus! Vou chamar o 112."

"Não meu amor. Estou bem. A emoção foi demasiado forte. Tinha-te dado por perdida. Só queria morrer! Quando me disseste que esse homem era eu, foi como se me tivessem diagnosticado um cancro terminal e de repente me dissessem que afinal fora tudo um erro e não estava doente."

"Pronto Edu. Estás mais calmo meu amor?" Acariciava-me a face.

"Sim Diana. Mas necessito desesperadamente outro beijo teu e ouvir-te reiterar que me amas, para tentar assimilar..."

Voltou a beijar-me. As nossas línguas bailavam entrelaçadas.

"Amo-te meu querido! Quem poderia eu amar que não fosses tu?" Era tão doce!

"Amo-te Diana. Tinha decidido suicidar-me quando saísse daqui. Só vim para ver-te uma última vez e... Desaparecer." Eu não podia conter as lágrimas.

"Ai Edu! Não me digas isso!"

"Cheguei a pensar nem sequer vir aqui hoje e ir direto à ponte que escolhi para morrer."

"Ai meu Deus! Sou uma estúpida! Porque não te disse ontem? O que estive a ponto de provocar! Edu promete-me que nunca mais vais pensar numa loucura dessas."

"Não meu amor. Agora só penso em tornar os últimos dias do Júlio o mais suportáveis possível e sonho com o futuro que nos espera."

"Edu como pudeste pensar que eu podia ser suficientemente cruel para chamar-te aqui com a intenção de falar-te de outro homem, depois de saber que me amavas com essa intensidade? Teria sido monstruoso!"

"Ontem estava perturbadíssimo. Como não me sentia digno de ti, nem me ocorreu pensar que podia ser eu o teu eleito. Isso desesperou-me e fez-me perder toda a objetividade. Durante uns escassos segundos tive a esperança de que me dissesses que o teu eleito era eu. Mas isso nunca aconteceu. Dei-te por perdida. Definitivamente!"

"Edu... Há mais de um ano que te vejo com outros olhos. Foste um lindo miúdo, depois um lindo adolescente e hoje és um lindo homem! És íntegro, tabalhador, inteligente, brilhante, sensível... admiro-te muito mais do que podes imaginar. O facto de sentir da tua parte um enorme interesse por mim, fez-me começar a senti-lo também por ti. Essas bruxas são más, mas algo de verdade intuem e por isso me odeiam tanto. Mas infelizmente sou demasiado velha para ti. "

"NÃO! Não és demasiado velha. A tua idade não me importa para nada!"

"Eu sei Edu. Mas isso é agora. Deixa passar uns cinco ou dez anos e..."

"Diana! Olha-me nos olhos. A nossa relação valerá a pena! Dá-me o beneficio da dúvida e verás que quanto tiveres setenta e cinco anos, o teu marido de sessenta e cinco estará dentro de ti, com menos energia que antes, mas com o mesmo amor de sempre, teremos o nosso orgasmo juntos e finalmente dormiremos abraçados como se fôssemos um só. E de manhã, ao despertar-me verei a linda Diana que tanto amo."

"Ai Edu! A tua linda Diana..." A sua expressão era amarga e abanava a cabeça. "Como estarei eu com setenta e cinco anos, supondo que ainda viva..."

"Diana o relógio não pára para ninguém. Tu e eu estaremos como tivermos que estar, mas para mim sempre serás a minha linda Diana! O meu sonho dourado de toda uma vida! A beleza física é efémera, mas a beleza ou fealdade interior aí estará enquanto vivermos. Podemos continuar esta conversa dentro de quarenta anos?"

"Sim meu querido! Vou dar-te o benefício da dúvida."

"Nunca te arrependerás minha doçura."

"Vou fazer mais um chá."

Desta vez pude aguentar a espera com calma. Estava feliz e confiante no futuro.

Fui com ela para a cozinha.

"Diana sobre o que me contaste antes, o Júlio nunca te perguntou nada sobre a vossa não atividade sexual?"

"Sim. Fui á cómoda do quarto buscar o vibrador de silicone que comprara. 'Vês meu amor? Quando te necessito uso-o e imagino que estás dentro de mim... Falo contigo e imagino que me respondes com todas essa frases lindas que me dizias antes. Não necessito nenhum homem que não sejas tu e acredita que fazemos amor de uma forma que para mim é muito prazenteira.' Não era verdade, mas ele necessitava ouvir algo assim. 'Nada temas. Nunca me meterei na cama com outro homem'. Promessa que até hoje cumpri religiosamente. Quanto ao vibrador, provei-o uma vez e não voltei a usá-lo. É uma coisa inerte... Sem vida. Vibra de uma forma que nada tem que ver com a reaalidade. Decididamente não é para mim."

"E ele?"

"Ficou muito feliz, pediu-me que o deixasse dar-me prazer com a boca, mas devido à medicação, já tinha perdido o paladar, o olfato modificou-se-lhe drasticamente, não suportou o cheiro do meu sexo, que antes adorava... e vomitou. Chorou imenso! 'Já nem isto me resta', disse. Aos poucos deixamos de falar de sexo, de amor e de tudo o que tivesse que ver com a vida conjugal. A última coisa que me disse, foi que não me deixasse morrer em vida quando ele falecesse, que refizesse a minha vida e fosse feliz."

Mas a Diana não lhe apetecia continuar a falar. Agora tinha outros planos para nós.

Começou a beijar-me como se não houvesse amanhã.

"Vem meu querido."

Levou-me para o quarto de visitas de Eduina.

Lentamente começamos a despir-nos um ao outro.

"Diana... Tens a certeza?"

"Tenho, meu querido. Necessito-te e o Júlio necessita-nos aos dois com a cabeça bem equilibrada. Aproxima-se a pior fase. A derradeira! Vamos estar com ele até ao fim, mas chegados a este ponto, não tem sentido adiar o inevitável. Necessitamo-nos um ao outro. JÁ! Sem perder nem mais um minuto. Nós também temos direito a viver mantendo a nossa integridade mental intacta. Estás feliz?"

"Mais que feliz minha querida! Feliz e culpado. Ainda não acredito..."

"Dentro de poucos segundos acreditarás." Murmurou-me ao ouvido, com uma voz sensual que nunca lhe tinha ouvido.

A sua expressão era a luxúria personificada .

Mordia o lábio inferior e olhava-me com os olhos semicerrados.

O seu instinto de felina em pleno cio vinha à superfície.

Estava a ponto de conhecer uma nova Diana que eu não imaginava que existia.

Lentamente empurrei-a com muita meiguice para a cama e ajoelhei-me entre as suas pernas.

O seu lindo e recém depilado sexo estava molhado, cheirava divinamente e o seu fluxo vaginal escorria-lhe lentamente pelas virilhas, em gotas que pareciam lágrimas, com uma textura semelhante a clara de ovo.

Adorei o seu aroma e o seu sabor, comecei a lamber a sua vulva e Diana gemia baixinho.

Puxava a minha cabeça contra o seu sexo.

A maravilhosa sensação do contacto da minha língua e dos meus lábios com o seu entumescido clítoris, foi algo que nunca me deixará esquecer a nossa primeira vez.

Estive mais de quarenta minutos dedicando-me a dar-lhe prazer com a minha boca.

O seu aroma de fêmea excitada e o sabor do seu néctar enlouqueciam-me de desejo e de prazer.

Proporcionei-lhe três orgasmos.

"Meu amor!" Beijei-a prolongadamente e ela saboreou-se na minha boca.

"Edu! És um amor e um amante maravilhoso. Agora necessito-te dentro de mim."

"Diana... Antes há algo que necessito saber."

"Sim meu amor. Diz-me."

"Que sentes tu por mim neste momento tão especial?"

"Estou irremediavelmente enamorada de ti Edu. Necessito-te desesperadamente!"

Finalmente penetrei-a. Estava bastante apertada.

Três anos sem sexo é muito tempo e mais para uma mulher que nunca tivera filhos.

"Ai Edu! É tão bom ser amada por ti! És tão meigo e tão suave, tratas-me com tanta doçura! Adoro sentir-te deslizar dentro de mim assim devagarinho. É delicioso! Podia estar horas assim contigo."

Ao fim de meia hora acelerei o ritmo e quando senti que começavam os espasmos do seu orgasmo, retirei-me, deixei-me escorregar para baixo, para que continuasse a gozar na minha boca. Foi um orgasmo prolongado.

Eu não cheguei a terminar.

"Edu! Porque saíste? Queria tanto sentir o calor do teu semen."

"Meu amor, não podemos arriscar-nos a uma gravidez agora. O Júlio ainda vive. Imagina que falecesse quando tu estivesses com uma barriga de seis meses."

"Esqueci-me de te dizer que sou estéril. Nunca poderás ter um filho comigo Edu. Tentei tudo no passado, fiz tratamentos de fertilidade e nada. O Júlio também fez testes e a estéril sou eu, sem nenhuma dúvida. Ainda continuas interessado em ser meu companheiro?"

"Teu companheiro, teu noivo, teu marido, teu tudo. Diana... Tu aínda não conseguiste assimilar o que sinto por ti. Nada! Nada! Mas nada neste maldito mundo poderá destruir o amor que te dedico! E não me interessa para nada ter filhos. Não tenho paciência para aturar miúdos. Se tu fosses fértil e quisesses, teria imenso orgulho em que fosses a mãe dos meus filhos, mas a única coisa que quero com toda a minha alma és tu, meu amor. Vamos descansar um pouco e a seguir vais ter o que desejaste e não te dei."

"Hoje já não Edu. Já me deste quatro maravilhosos orgasmos e agora é a tua vez. Vou eu dar-te prazer com a minha boca e vou beber-te até à última gota. Queres?"

"Ohhhh... Diana... Quase me venho com o que me dizes... És tão sensual!"

"Não tentes controlar-te. Vem-te quando quiseres, que já te controlaste imenso antes."

"Vou-me lavar Diana."

"Não. Quero sentir o meu gosto misturado com o teu quando gozares."

"E se fizéssemos um sessenta e nove?"

"Faremos imensos! Acredita que sim! Mas agora quero fazer-te o broche da tua vida. Nunca o esquecerás! E desculpa a vulgaridade com que falei, mas às vezes apetece-me."

Foi realmente o broche da minha vida, usando as palavras dela. O melhor de todos os que me tinham feito até esse momento.

Depois abraçamo-nos e assim descansamos. Virados um para o outro, com as nossas pernas entrelaçadas.

"Diana... Estás arrependida?"

"Definitivamente não Edu. Estou deliciada, apaixonada, feliz, não há palavras... E tu?"

"Igual que tu, meu amor! mas quando olhar para os olhos do Júlio, vou sentir-me tão culpado, que temo que me descubra."

"Isso não acontecerá e não te sintas culpado. Estás cuidando aquilo que ele sempre cuidou com amor e desvelo e agora não pode. A sua querida esposa. O nosso foi um ato de amor Edu! Não foi uma imoralidade, não foi uma indecência, nem foi pornografia. Amor puro Edu! Não és só tu que me amas. A tua doçura, o teu carinho, a tua invulgar sensibilidade e até certo ponto a tua ingenuidade, conquistaram o meu coração. Amo-te Edu! Acho que já te amava antes, mas foi ontem que me dei conta e hoje tive a certeza... E tens razão. Vou correr o risco de acreditar que o nosso amor vale a pena e que durará até que algum de nós... faça a viagem. E se me equivocar... Meu Deus! Não quero nem imaginar que isso possa acontecer!"

"Não acontecerá minha doçura. Desde hoje, a minha primeira prioridade na vida é fazer-te feliz!"

"Edu... Quando acompanhei a Eduina à porta, ela disse-me que intuía que íamos ser um casal muito feliz. Conhecemo-nos há muito anos e nunca vi a intuição dela falhar.

Continuámos quase todos os dias a encontrar-nos em casa da Edu, que a disponibilizou para nós, sem nenhuma limitação.

Entretanto a minha relação com a minha mãe continuava de cortar à faca.

No dia seguinte à nossa primeira vez, tive um incidente desagradável com ela à hora do almoço.

Eu vinha para a sala de jantar cantando distraidamente strangers in the night.

"Mmmm... Estás muito eufórico hoje."

"Normal. Ainda não tinhas aberto a boca."

"És um antipático. Mas a mim não me enganas. De certeza que a viste."

"Felizmente não, senão tinha-me passado a euforia."

"Mas de quem é que estás a falar?"

"Da tia Cecília."

"OHHHHH! És insuportável!"

"Adeus!" Levantei-me e dirigi-me à porta da sala.

"Mas... Vou pôr a comida na mesa agora!"

"Empanturra-te com ela. Vou comer fora, para não ouvir as tuas estúpidas insinuações e observações venenosas. Quero comer em paz. É possível que durma fora esta noite, em casa do meu pai."

Um dia Edu teve uma conversa séria connosco.

"Vou fazer-vos um aviso e tomem-me muito a sério. As vossas expressões comprometem-vos e até mesmo o Júlio poderia aperceber-se do que vos está a acontecer. Mas a Cecília e a Balbina sem nenhuma dúvida vos apanham à primeira. Nada de olhares nem sorrisos diante do Júlio e delas. Quando estiverem em família, fala bastante com o Júlio, mas sem meteres a Diana na conversa, como se a ignorasses e depois vai para o teu quarto com o pretexto de que tens que preparar algum exame ou o que quiseres."

Diana e eu não queríamos que aparecesse o meu número no seu telemóvel, nem o dela no meu.

Comprei um telemóvel barato que deixei em casa de Eduina para nos contactarmos, cujo número aparecia na minha agenda como "Nilsson".

Quando me chamava, imediatamente apagava o número da lista de chamadas recebidas e não nos mandávamos SMS.

Algumas vezes, mas pocas, telefonava-me e falávamos em inglês, que para a minha mãe era o mesmo que chinês. Eu tratava-a por "Nilsson" e só falávamos o indispensável para combinar o nosso próximo encontro.

A minha mãe olhava-me desconfiada, mas nunca disse nada.

Uma tarde, Júlio e Diana vieram a casa porque ele queria estar um pouco com as irmãs.

Diana pedira a Edu que me chamasse às cinco e um quarto, para montarmos um cenário...

Eu atendi com o telefone em mão livres.

"Alô!"

"Hi Edu!" Eduina falava com voz de adolescente.

"Hi Nilsson. Mmmmm... Just a moment, dear. Sorry!"

"No problem. It's ok."

Retirei-me para o meu quarto

"Olá Edu! Obrigado pelo telefonema. Já te contaremos... Um beijão!"

Fiquei uns minutos no meu quarto. Depois voltei à sala.

"Alguma namorada estrangeira Edu?" Perguntou Diana com ar divertido.

"Mmmm... Não exatamente." Queria deixar a dúvida no ar.

"Lara Nilsson, uma sueca de Goteborg, filha de pai sueco e mãe dinamarquesa. Está de Erasmus na minha universidade, quando necessita qualquer coisa recorre a mim. Mais ou menos adotou-me de paizinho. Tem vinte e dois anos. Como não é demasiado chata, tenho paciência com ela. Só isso."

"É esperta a mocinha. Como sabe escolher!" Foi o comentário venenoso de Cecília.

"Não sei se isso pretende ser um elogio, mas sim soube escolher. Entre os alunos e alunas da minha faculdade, sou o único que fala um inglês realmente decente. Imagino que deve ser por isso, mas mentiria se não reconhecesse que temos uma boa química."

"Que graça que a mãe seja de um país o pai de outro." Comentário da minha mãe.

"Contou-me a história dos pais e parece uma novela rosa. A mãe é de Alborg, na Dinamarca e conheceu o marido no ferry que faz a travessia Frederikshavn - Goteborg em pouco mais de três horas. Viam-se frequentemente no barco. Ele era um dos comandantes do ferry, um sueco divorciado de Goteborg, dezassete anos mais velho que ela. Um dia convidou-a para fazer a travessia com ele na ponte e a partir desse dia, quando o comandante era ele, nunca viajava na área de passageiros. Em poucos meses apaixonaram-se e organizaram-se para casar-se no ferry em que se conheceram. Achei lindo! Original! Romântico!"

"Que estranho que não a trates por Lara. Milton não é o apelido?" Perguntou a tia Cecília, que nesse dia estava invulgarmente simpática.

"Nilsson. Não Milton. Sim é o apelido, mas ela gosta que lhe chamem assim, sei lá porquê!"

"É bonita?" Cecília e a sua curiosidade.

"É bastante do estilo da atriz Liv Ullmann quando era jovem. A típica nórdica. A que é lindíssima é a mãe! Mesmo hoje em dia. E segundo diz a Lara, ao natural ainda mais."

"Edu... Tu tens especial predileção por mulheres mais velhas, não?" Outra vez Cecília.

"Nada tema tia Cecília. Não creio que corra o risco de que eu me apaixone por si."

"Toda a gente se riu, até o tio Júlio, para desespero dela. Ficou vermelha como um pimentão e não voltou a abrir a boca."

"Que história tão romântica a dos pais dela." Comentou a minha mãe.

"Sim e segundo conta a Lara, adoram-se como no primeiro dia. Ele agora está muito doente e a mãe desvive-se para cuidá-lo de uma forma admirável. Como a tia Diana com o Tio Júlio."

Júlio pegou na mão da mulher e beijou-lha. Ela acariciou-lhe a face e deu-lhe um beijo na testa. Obviamente não tive ciúmes e adorei ver o carinho que havia entre os dois.

"Adoro-vos! Sinto-me tão orgulhoso de vocês! O carinho que se têm é maravilhoso e comovente!" Disse-lhes e eles sorriram.

"Tia Diana, desejo ter algum dia uma esposa do seu estilo. Não consigo encontrar-lhe nem um só defeito!"

"Não o tem. A tua tia é perfeita!" Disse o tio Júlio orgulhoso, com a sua voz débil.

Dessa vez o trio maravilha não se portou mal nem fez os habituais comentários estúpidos. Na presença do tio Júlio eram comedidas.

Provavelmente pensaram que a fictícia Lara era minha namorada e isso satisfazia-as.

Um dia apareceu um técnico que eu não sabia de quê, inspecionando a porta e as duas janelas da biblioteca.

"Pois já sabe sr. Silva, quero sensores aqui nestas duas janelas. Toda a casa está protegida, menos estas janelas."

"Muito bem dona Balbina. Não tardarei muito."

"Edu fecha a porta da biblioteca, para que o técnico faça o seu trabalho em paz."

"Não há problema, já estava para saír." Disse eu fechando a porta.

Essa história dos sensores pareceu-me absurda. As janelas estão altíssimas e não há nada a que alguém se possa agarrar para trepar. Não se necessitam sensores para nada. Por ali só poderia entrar alguma osga ou alguma lagartixa, mas não há bicharada dessa na fachada. E porque é que eu tinha que fechar a porta enquanto o técnico aparafusava dois sensores?

De repente ocorreu-me uma ideia.

Tirei o carro da garagem e estacionei uns duzentos metros à frente, onde não me podiam ver desde casa. Quando a furgoneta do técnico passou, fui atrás dele. Depois ultrapassei-o e numa zona onde havia poucos carros estacionados fiz-lhe sinal para que parasse e estacionei à frente.

"Olá! Sabe quem sou?"

"Sim vi-o a falar com a dona Balbina. É o filho, não...?"

"Isso mesmo. Diga-me uma coisa, acha que era necessário pôr sensores naquelas janelas?"

"Bem, se o cliente quer..."

"Deixemo-nos de comédias. Que mais fez na biblioteca?"

"Olhe senhor..."

"Beltrão."

"Senhor Beltrão. Estou obrigado a manter o segredo profissional e mais tratando-se da segurança de uma casa."

Abri a carteira e mostrei-lhe cinquenta euros.

"Dou-lhe a minha palavra em como ninguém saberá que estivemos a falar."